Vivemos em uma sociedade TRANSPARENTE?

Olá, olá pessoal. Espero que estejam bem. Hoje viajaremos pelo mundo de Ondjaki com o seu livro "Os Transparentes".
Por onde começar ? Transparência é o que deixa transparecer, mostrar-se, característica de algo que é, ou não disfarçado.
O livro "Os Transparentes", apresenta-nos um dos retratos mais poderosos e detalhistas da cidade de Luanda.
Passa-se num prédio (o antigo prédio da Cuca, como mostra a sua capa). Não há "uma personagem principal", são histórias paralelas sobre os moradores do mesmo que de certa forma se interligam.
Conheci personagens maravilhosas com imensa sabedoria como maior parte dos "kotas" da banda.
Essas histórias são engraçadas mas contêm um fundo de verdade e mostram claramente certas situações delicadas que aconteciam em Luanda e também em Angola no geral mas ninguém tem coragem de contar ou falar sobre as mesmas.
Deparei-me com corrupção.. muita corrupção, roubo, a vida de vendedores ambulantes, os famosos kunangas, sacrifícios que os "kotas" fazem para manter comida no prato e alimentar seus filhos e por aí vai.
Ondjaki tem uma escrita interessante, em momento algum com excepção dos nomes, ele escreveu com letra maiúscula, nem mesmo quando abria um parágrafo.
Confesso, que foi a leitura mais cansativa e demorada que alguma vez fizera na vida.  Algumas pessoas já me tinham alertado que assim seria e que os livros de Ondjaki na sua maioria têm essa característica, mas de certo modo torna-se uma virtude criar um cenário todo elaborado, com tantas falas e histórias para chegar onde se quer.
Afinal bons livros têm que ser apreciados né.
Ao longo da leitura fui apontando alguns quotes que gostaria de partilhar com vocês.

1. (...) não somos transparentes por não comer.. nós somos transparentes porque somos pobres.

2. Amanhã não se sabe quem ainda estará por aqui, meu rapaz... que venham elas, as benditas cervejas e o malogrado whisky... hoje é hojemente!

3. hoje, esse grupo de homens fez teatro! teatro à moda antiga, à moda dos duros!, porque... só os grandes homens choram na companhia solitária de outros homens (...)